Ônibus da universidade com guias especialistas em Arquitetura e História leva turistas para pontos relevantes da capital. “Turismo intelectual mesclado com uma forma ‘Indiana Jones’ de explorar a cidade”. É assim que o professor e diretor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), Martin Grossmann, define o roteiro A USP e a São Paulo Modernista.
Gratuito e feito de ônibus, o tour tem levado paulistanos (e turistas) para conhecer a capital de uma nova maneira. Com 4 horas de duração, o percurso que acontece aos sábados apresenta as principais obras arquitetônicas do modernismo e discute o movimento de diferentes perspectivas: histórica, artística, comportamental, urbanística e até musical. “A ideia do roteiro é mostrar o quanto nós somos modernistas e como nos tornamos modernistas”, explica Grossmann. “É um modo de relacionar o conhecimento com a cidade em que vivemos”.
O tour começa no Museu do Ipiranga e tem mais duas paradas de 30 minutos: uma no prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) na Rua Maranhão, em Higienópolis, e outra no Museu de Arte Contemporânea (MAC) no Ibirapuera, zona sul. Entre uma descida e outra, porém, o ônibus passa na frente de ícones do período, como os casarões da família Jafet, o Parque Dom Pedro II e edifícios da região central, incluindo o Itália, o Esther, o Eiffel e o Copan.
A gente acha que Brasília é uma cidade modernista, ou associa modernismo somente à Semana de 22, mas ele está presente no planejamento urbano e na estrutura da cidade”, explica o professor. É por isso que o Museu do Ipiranga, inaugurado em 1895, faz parte do tour. Para Grossmann, é importante entender o contexto pré-modernista para compreender melhor o que esse pensamento representou na cidade e para a cidade.
Mediadores: Um diferencial do roteiro é propor o mediador no lugar do educador. Em vez de seguir um roteiro predeterminado, com explicações prontas e fechadas, os quatro profissionais que acompanham os turistas foram orientados a criar conversas, discussões e reflexões. O grupo é formado por duas artistas plásticas, um historiador e uma antropóloga.
Joseane Cavalcanti, artista plástica e guia há anos conta que essa forma de direcionar as explicações faz com que o tour seja mais interessante. “É uma troca. As perguntas que as pessoas fazem e o conhecimento que elas trazem são fundamentais”, diz.
A nutricionista Fernanda Hille, de 26 anos, fez o passeio com o namorado na última semana. Ela conta que os dois eram os únicos do grupo que não eram ligados às áreas de turismo ou arte, o que não criou nenhum empecilho para que aproveitassem o tour. “Gostamos de arte e frequentamos museus. As explicações foram muito claras e a linguagem, acessível.
O tour da São Paulo Modernista é só o primeiro de uma série de roteiros que a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP pretende fazer por São Paulo.
Grossmann diz que outros roteiros estão sob estudo, dialogando com as diversas áreas de conhecimento da universidade. Um deles, já mais adiantado, deve percorrer os rios e córregos da capital. “Existem vários modos de roteirizar essa cidade. E a criação de roteiros é um modo de conhecer São Paulo por meio de diálogos”, afirma.
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