Mais um passo para um polêmico empreendimento no Baixo Augusta, na região central da capital paulista, sair do papel foi dado com a formalização da venda de um terreno com cerca de 25 mil metros quadrados para as incorporadoras Setin e Cyrela.
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A oficialização da compra na semana passada da área na rua Augusta, entre as ruas Marquês de Paranaguá e Caio Prado, foi confirmada à Folha por Antonio Setin, presidente da Setin Incorporadora e porta-voz do projeto.
Fabio Braga/Folhapress | ||
Terreno vendido a incorporadoras foi por cinco anos considerado de utilidade pública para criação de um parque no centro de SP |
Ele diz que o desenho ainda está em estudo e não é possível adiantar uma versão definitiva.
A ideia é erguer duas a três torres, misturando diversos usos, possivelmente unidades comerciais e hoteleiras, além de residenciais, mas “qualquer coisa dita hoje poderá não ser realidade amanhã”.
O empresário afirma que Cyrela e Setin terão participações iguais no projeto e que o investidor e ex-banqueiro Armando Conde, que vendeu a área, terá direito a uma permuta. O valor do negócio não foi revelado.
“O terreno tem 10 mil m² de área verde que é tombada, que deve ser preservada. Acho muito mais sensato que seja aberta ao público, sem dinheiro da prefeitura, mas do ponto de vista legal poderia ser particular.”
De acordo com ele, o projeto deverá ser discutido com a prefeitura e a comunidade, além de arquitetos e empresários.
“Sempre há pessoas com ânimo mais acirrado que, em vez de conversar, discutem, mas, se a maioria achar bom e se estiver dentro da lei, é o que a gente pretende fazer.”
DECRETO
O projeto de um empreendimento no local sofre forte oposição do grupo Aliados do Parque Augusta e da Samorcc (Sociedade dos Amigos, Moradores e Empreendedores do Bairro de Cerqueira César), que exigem um parque municipal lá.
Em agosto de 2008, a área foi declarada de utilidade pública para a construção do parque, conforme decreto do então prefeito Gilberto Kassab, o que impediu a formalização da venda do terreno de Conde para as duas incorporadoras.
Setin disse em 2012 à Folha que o projeto teria duas torres, 82% de área aberta ao público, um bulevar na rua Gravataí ligando-o à praça Roosevelt e um parque administrado com verba privada.
A condição era que a prefeitura revogasse o decreto, o que não aconteceu. O documento, porém, caducou em agosto deste ano, sem que a administração atual ou a anterior iniciassem a desapropriação.
O incorporador lembra que o terreno havia sido negociado há cerca de sete anos com as empresas e só agora, com o fim do decreto, pôde ser formalmente vendido.
A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente afirma que o projeto não foi levado adiante em razão de falta de verbas para a desapropriação.
Um novo decreto com o mesmo fim só pode ser emitido um ano após o anterior caducar –no caso, em agosto do próximo ano.
O empresário diz que espera ter apoio ao projeto, já que, segundo ele, não soaria bem para a prefeitura gastar dinheiro para fazer um parque para uma “minicomunidade”, em vez de investi-lo em “transporte e creches em lugares carentes”.
DANIEL VASQUES – compartilhado de: http://classificados.folha.uol.com.br/imoveis/2013/11/1368996-area-do-parque-augusta-e-vendida-os-cerca-de-25-mil-m-sao-da-cyrela-e-setin.shtml
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