3.7.2015 –
MinC discute refundação do programa Cultura e Pensamento
Encontro iniciou debates e reflexões sobre temas significativos para a cultura brasileira (Foto: Lia de Paula)
Pensadores e representantes dos mais diversos setores relacionados à criação se reuniram no dia 2 de julho de 2015, no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, com o ministro da Cultura, Juca Ferreira. O encontro teve como finalidade iniciar debates e reflexões sobre temas significativos para a cultura brasileira e servir de base para a refundação do programa Cultura e Pensamento, ciclo de palestras que está sendo reestruturado pelo Ministério da Cultura (MinC).
Assuntos como economia da cultura, direito autoral, mutações da sociedade contemporânea nos seus diversos aspectos, saberes e conhecimentos tradicionais, política intersetorial de cultura e educação, acesso à cultura, disponibilização de acervos culturais, conta satélite da cultura e difusão dos conhecimentos sobre cultura foram abordados. O evento foi realizado pela Secretaria de Políticas Culturais (SPC) do MinC, em parceria com a Fundação Casa de Rui Barbosa.
A coordenadora de Gestão Cultural da FGV, Eliane Costa, foi uma das participantes que trouxe seu ponto de vista para as discussões. Na opinião dela, o governo precisa manter uma interlocução maior com as empresas. “A política cultural dialoga com a legislação tributária e sabemos que os incentivos fiscais representam um ponto importante de financiamento para o setor”, afirmou.
O coordenador do Observatório da Economia Criativa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Leandro Valiatti, destacou que um desafio relevante para o segmento é produzir dados, indicadores e análises. “Esse trabalho vai nos permitir mensurar aspectos como o produto interno bruto gerado pela cultura, o número de empregos e os gargalos da cadeia produtiva, sempre com a perspectiva de conciliar crescimento econômico com desenvolvimento”, opinou.
O diretor do Centro de Estudos Artepensamento, Adauto Novaes, ressaltou o papel das novas tecnologias na promoção de uma verdadeira revolução científica. No entanto, lamentou que hoje faltem espaços para o pensamento nos mais variados campos – da arte à política.
Educador que deixou os meios acadêmicos para se dedicar aos saberes tradicionais, o diretor do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), o mineiro Tião Rocha, assinalou que é fundamental que as políticas públicas estreitem os laços com “o poder transformador da cultura e do povo brasileiro”. Ele ressaltou a importância estratégica da parceria do MinC com o Ministério da Educação (MEC).
O reitor da Universidade Federal do Sul da Bahia, Naomar Almeida, também elogiou o valor dos saberes populares. Disse que os meios acadêmicos precisam incorporar essa cultura de forma efetiva, dando visibilidade e reconhecimento, inclusive com a contratação dos mestres que existem nas comunidades.
Já o antropólogo José Jorge de Carvalho, da Universidade de Brasília (UnB), observou que o Brasil, na visão dele, ainda está muito voltado para um determinado grupo de países e precisa ampliar suas relações com a América Latina, a África, a Ásia, com a civilização islâmica e, principalmente, com seus povos indígenas.
O advogado Allan Rocha de Souza, especialista em Direito Autoral e Cultural e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), falou que o acesso à cultura ainda existe mais na teoria do que na prática. Avaliou que um dos passos para democratizar o processo pode ser a digitalização do patrimônio artístico disponível em domínio público.
A chefe do Departamento de Economia da Cultura do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciane Gorgulho, trouxe ao debate a necessidade de se buscarem formas de crédito para a cultura além dos patrocínios. Ela falou que o banco dispõe de linhas de crédito para a cultura e que pode ajudar o MinC a pensar em um sistema de financiamento para a área.
Ao final do encontro, ficou acertado com os representantes das instituições presentes que a SPC e a Fundação Casa de Rui Barbosa irão sistematizar os resultados do encontro para apresentar a proposta do Cultura e Pensamento nas próximas semanas. Além disso, ficou estabelecida a participação do MinC nos diversos Encontros de políticas culturais que ocorrerão no segundo semestre de 2015, como forma de dar continuidade as discussões.
Marcelo Araújo
Secretaria de Políticas Culturais
Ministério da Cultura
Deixe um comentário