Centanários Negros – Comemorações, Homenagens – Lupicínio Rodrigues

Divulgação – http://www.palmares.gov.br/

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Tratar de amor nos gêneros musicais é, geralmente, algo muito sério. Para o cantor e compositor Lupicínio Rodrigues foi tão importante que resgatou em seus repertórios as consequencias que esse sentimento pode causar quando não correspondido. Tal dedicação o tornou conhecido como “o inventor da dor de cotovelo”. Suas músicas ainda hoje fazem parte dos mais melancólicos cancioneiros do país. É considerado um dos precursores da Bossa-Nova.

Nascido em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em 16 de setembro de 1914, Lupi, como era conhecido, demonstrou seu interesse pela música ainda criança.Foi matriculado cedo na escola, mas perdia os conteúdos porque se distraía cantando na sala de aula. Ao longo da vida compôs desde marchinhas de carnaval à hinos de times de futebol. Porém, seu principal estilo era o samba-canção, caracterizado por letras repletas de sentimento e melancolia.

Dor de cotovelo -Muitas músicas de Lupi foram dedicadas à Inah, seu grande amor, que rompeu o noivado por não suportar a vida boêmia do cantor. Constantemente abandonado pelas mulheres, encontrou na própria história a inspiração para canções onde a traição e o amor estavam sempre juntos.Criou o termo dor-de-cotovelo, referindo à prática de quem se apoia em uma mesa de bar, se entregando à bebida e às lágrimas pela perda da pessoa amada.Foi proprietário de bares, churrascarias e restaurantes com música, que mantinha apenas para ter como pontos de encontro com os amigos.

Nervos de Aço, Cadeira Vazia e Se Acaso Você Chegasse são exemplos de experiências amorosas musicadas, nas quais Lupi sublinhava cada dor, desde a perda ao conformismo. Deixou praticamente uma centena e meia de canções editadas,além de praticamente 500 composições que foram perdidas, esquecidas ou que estão à espera de quem possa resgatá-las. Como legado deixou ainda, crônicas que escrevia semanalmente sobre suas músicas para o jornal Última Hora, na década de 1960, quando sua produção diminuiu e ele entrou, como vários compositores da MPB, num período de obscuridade.

Confissões – Lupicínio Rodrigues Filho, resgata este período da vida do pai no livro Foi Assim, de 1995. Lupinho, como é também conhecido, contou para um programa de TV que a obra apresenta uma faceta quase desconhecida do imortal compositor. “Para ele, as músicas eram confissões de tudo que acontecia em sua vida e ao redor. As letras sempre referem o local exato, a pessoa que amou, aquele que sofreu, aquele que perdeu, um momento qualquer”, explicou. “Tudo passa pela confissão dos homens, e ele soube eternizar esses momentos significativos os tratando como confissões”.

Para compor Lupi não usava instrumento, desconhecia teoria musical. Criava de maneira peculiar, com assovios ou batucando o ritmo das canções em caixinhas de fósforos. Teve muitos intérpretes, entre os quais se destacaram Elza Soares, Zizi Posse, Maria Bethânia, Arnaldo Antunes e Adriana Calcanhoto.Faleceu em 1974 e seu corpo está sepultado no Cemitério São Miguel e Almas, em Porto Alegre. De tempos em tempos, é cantado, gravado ou homenageado e para o seu centenário de nascimento muitas homenagens estão programadas pelo país.

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