Telhado – Rose Meusburger

Foi de cima

do telhado

que ele se soltou no espaço vazio.

Fingiu-se um aeroplano

que ganha a sua primeira liberdade.

Ganhou velocidade e caiu,

como se fosse aquela brisa de felicidade

que vai morrendo ao entardecer,

até cair no sono fatal.

Para ao topo chegar, galgou ele

por escadas maciças

de concreto armado,

subiu, degrau por degrau,

como tudo fosse orgulho,

como no dia da colação de grau,

do dia do mérito fatal.

Alegre, contente da sua tão escassa vida

ele chegou lá em cima

e olhou para baixo,

fingindo-se um pequeno Deus

que olha sobre suas recém criadas obras.

Soltou-se como aeroplano

que ganha sua primeira liberdade total.

Durante sua viagem

sonhou com anjos e santos,

mulheres e crianças.

Chegou enfim ao solo e todos

os seus sonhos foram desfeitos,

todas as suas ilusões acabaram.

E, rumou

para a felicidade final.

Atravessou a porta do fim da longa estrada

e viu as alegrias e o tempo perdido

em cima do

TELHADO…

Publicamos aqui no blog, sempre aos sábados, poesias escritas por Rose Meusburger. Todos os textos são de uma época adolescente, pré adulto da autora. Mas todos de alguma forma são muito atuais e representam, com certeza, a essência de sua autora.

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