Flup: autores e leitores da periferia para o mundo

  Publicado em 12.12.2018 – MinC – www.cultura.gov.br

 A Festa Literária das Periferias (Flup), realizada desde 2012 no estado do Rio de Janeiro, é um exemplo de como a Lei Rouanet pode ser utilizada para fomentar a produção cultural de comunidades periféricas do Brasil. Em sete edições realizadas, que contaram com R$ 7,4 milhões captados por intermédio da lei de incentivo à cultura, a Flup revelou mais de 200 escritores provenientes de periferias fluminenses, entre os quais Ana Paula Lisboa, Julio Pecly, Jessé Andarilho e Geovani Martins, e viabilizou a publicação de cerca de 20 livros.  Criada pelo escritor Ecio Salles, ex-secretário de Cultura em Nova Iguaçu (RJ), e pelo roteirista Julio Ludemir, a Flup nasceu como um projeto que envolvia feiras literárias e uma oficina para desenvolver textos jornalísticos acerca de problemas que envolviam o município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. De lá, se estendeu pelo Rio de Janeiro e ganhou fama nacional e internacional. Já passou por mais de 100 favelas fluminenses, incluindo bairros populares de cidades como São Gonçalo e Itaguaí, entre outras. No início, as atividades eram desenvolvidas apenas em novembro. Depois, passaram a ter uma programação ao longo de vários meses até culminar com a festa em si, em novembro. Neste período são realizadas oficinas, mesas de debates, batalhas de slam poetry (competição de poesia falada) e encontros para reflexão. Para Ecio Salles, um dos fundadores da Flup, a Lei Rouanet foi fundamental para que a festa literária pudesse existir. “Poder usufruir dos benefícios desta lei é uma espécie de selo de legitimidade dos eventos. É importante porque abre muitas portas de captação. Sem ela, dificilmente teríamos construído um caminho tão relevante de transformação social, de inclusão e, sobretudo, de possibilidades de expressão artística e cultural no campo da literatura”, avalia.  
Novos leitores
 Além de revelar novos talentos, a festa literária tem enfoque na formação de novos leitores e autores de gêneros literários em geral associados ao poetry slam (poesia que se criou a partir dessas ‘batalhas’, competições entre os participantes). “Faz parte do universo da ‘baixa cultura’ o spoken word, a modalidade narrativa em que o negro mais se destaca. Qualquer pessoa mais próxima dos afrodescendentes vai reconhecer no poetry slam uma herança dos griôs africanos. As batalhas poéticas também são legítimas herdeiras das competições que difundiram uma cultura de paz nas periferias das megacidades europeias e principalmente estadunidenses, como as batalhas de MCs e de Bboys”, explica Ludemir.  
Neste ano de 2018, as atividades da Flup começaram em maio. Cerca de 100 autores negros foram convidados a debater a “Diáspora Africana”, com participações de personalidades internacionais, como o ator, escritor e músico norte-americano Saul Williams, o diretor artístico camaronês Bonaventure Ndikung e a escritora e fotógrafa britânica Taiye Selasi, e nacionais, como o ex-ministro da Cultura e músico Gilberto Gil, a cantora Liniker e a filósofa Djamila Ribeiro.  No final de agosto e de outubro, foram organizadas atividades de slam em 14 escolas públicas de Ensino Médio do Rio de Janeiro. “Realizamos quatro processos formativos, que resultaram na publicação de cinco livros, 25 argumentos para audiovisual, um documentário e um desfile de moda. Não foi fácil, claro. A energia – e os recursos financeiros – para viabilizar todo o conjunto esteve sempre no limite”, relata Ludemir. 

#LeiRouanetGeraFuturo 
Esta matéria faz parte da campanha #LeiRouanetGeraFuturo, lançada no portal e nas redes sociais do Ministério da Cultura para elevar o conhecimento da população sobre este importante mecanismo de fomento. Diariamente, conteúdos e depoimentos sobre o funcionamento e a importância da Lei estão sendo disponibilizados, e culminarão com a divulgação de pesquisa inédita sobre o impacto econômico da Lei Rouanet sobre a economia do Brasil.
A pesquisa foi divulgada no dia 14 de dezembro, durante o Fórum Exame de Economia Criativa, realizado pela Revista Exame, no Instituto Tommie Ohtake, em São Paulo, e reproduzida nos canais do MinC.  Os fóruns da revista Exame ocorrem anualmente e reúnem os principais líderes e empresários do País, para discutir questões importantes para o desenvolvimento do ambiente de negócios no Brasil. O objetivo é promover a troca de ideias e de experiências que contribuem para a tomada de decisão. 
Assessoria de Comunicação
Ministério da Cultura

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