Publicado: 15/09/2014 BRT CULTURA NEGRA
Uma das principais ações em andamento no Ministério da Cultura (MinC) é a construção do Museu Nacional da Memória Afro (MNMAfro) que está em vias de sair do papel, com planejamento a passos largos .
Há outros museus Afro no Brasil, mas o objetivo deste é diferente. O MNMAfro será um centro de referência da Cultura Negra onde o visitante vai poder, através do uso de interatividade e tecnologia de ponta, conhecer a trajetória dos povos afrodescendentes no Brasil e, efetivamente, reconhecer a sua importância na construção de nossa identidade cultural.
Somos 52% de brasileiros que se auto declaram negros. Dos 10 milhões de africanos trazidos para a América e escravizados, cinco milhões vieram para o Brasil.
Nosso grande historiador Joaquim Nabuco disse que “a escravidão permanecerá por muito tempo como uma característica nacional do Brasil”. Esta é uma reflexão tão pesada quanto verdadeira que ele nos deixou e que reforçou ainda mais nossa ideia sobre a necessidade de ter este Museu.
Nossa comida, dança, música, nossas crenças, costumes, têm relação direta com a chegada do povo negro no Brasil. Nossa desigualdade social também tem relação direta com o trágico episódio de sua escravização.
Nosso país tem feito um enorme esforço para reverter a imensa injustiça social que manchou nossa história e o sucesso neste desafio enorme passa, entre outras coisas, por fazer um mergulho crítico em nossa trajetória, contar a história que os livros ignoram, a contribuição do negro no processo civilizatório brasileiro.
Para isso, não há melhor meio que a cultura para passarmos nosso Brasil a limpo.
Além do Museu Afro, temos buscado, no MinC, fortalecer a produção e a difusão das culturas que estão na raiz de nossa identidade e de outras que posteriormente chegaram para acrescentar mais ingredientes à nossa diversidade. Em comum entre elas, o fato de que ficaram, até pouco tempo atrás, excluídas das Políticas Culturais.
Logo que cheguei ao Ministério, há dois anos, uma das minhas primeiras ações foi convocar sua estrutura para criar Editais voltados a artistas e produtores negros. Lançamos editais com mais de R$9 milhões de fomento. A procura foi enorme. Mais de 2300 inscritos. Isso nos apontou um caminho a ser trilhado. Esses editais inspiraram outros voltados ao público negro, para artistas da Amazônia, ciganos, LGBT, mulheres. Ampliamos as premiações para o apoio à cultura indígena. Todos com uma procura muito grande.
Neste momento, o Ministério dedica especial atenção a ações voltadas à juventude. De acordo com o IBGE, 51% de população brasileira está na faixa etária entre 15 e 29 anos. Os jovens de hoje (mais do que os de qualquer outra geração) querem ser protagonistas, trabalhar com criatividade, com as tecnologias as quais estão conectados a maior parte do tempo. Eles querem fazer a diferença, ser ouvidos. E eles têm muito a dizer.
Foi para escutá-los que, em abril deste ano, realizamos o Curto Circuito da Juventude, um encontro que reuniu, durante três dias em Brasília, 70 jovens, de todas as regiões do País, protagonistas culturais em suas comunidades para sabermos, diretamente deles, como as Políticas Culturais melhor podiam apoiá-los. Participei do encontro e presenciei trocas de ideias intensas e de uma riqueza inestimável.
Como primeiras respostas a este encontro, o MinC lançou o Edital do Programa Comunica Diversidade, com o intuito de fomentar iniciativas que tenham como princípio o reconhecimento e incentivo a ações de comunicação para a cultura, protagonizadas por jovens. Também estamos realizando a 2a Edição do Prêmio Cultura Hip Hop para apoiar 170 iniciativas ligadas ao gênero.
Em seguida, temos o Programa Conexão Cultura Brasil que é dividido em 2 editais: o Conexão Cultura Brasil #Intercâmbios e o Cultura Brasil #Negócios. O #Intercâmbios vai levar 500 artistas brasileiros para o exterior em atividades de formação artística, técnica e acadêmica (cursos e estágios) em instituições culturais de grande projeção mundial. O #Negócios vai levar delegações de até 60 empreendedores para participar de três eventos de negócios culturais de grande relevância internacional.
Somados a outras políticas de democratização do acesso à cultura e a seus meios de produção como o Vale-Cultura, Sistema Nacional de Cultura, Pontos de Cultura, CEUs das artes e do esporte (serão 340 em todo o país, construídos nas periferias das cidades), o Programa Brasil de Todas as Telas, o Ministério da Cultura vai dando sua colaboração imprescindível para o Brasil atingir um novo patamar, erradicando a miséria, gerando empregos, criando um país com mais igualdade social, combatendo preconceitos e com oportunidades para todos terem acesso ao alimento da alma: a cultura.
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